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Curiosidades de um leitor

Um leitor sempre terá o desejo de saber se aquilo que um autor escreve é autobiográfico quando o livro não é declaradamente autobiográfico. Impossível saber o que é e o que não é. Está tudo tão misturado na receita de um romance ou conto, que às vezes nem o próprio escritor se lembra se viveu aquilo e emprestou a memória para a ficção ou se não viveu e pensa ter vivido porque a ficção é muita persuasiva. 


Todo autor empresta suas memórias para a criação de suas narrativas. Empresta partes de si para a criação de personagens. Empresta também partes de pessoas que compõem o seu universo, do passado ou do presente. Sem autorização. E nem por isso alguém se reconhecerá na história e dirá “Epa!”, pois de alguma forma, quando a narrativa é bem escrita, todo leitor se reconhece um pouco em cada personagem. 

Um escritor não se sente à vontade quando é abordado por um leitor que pergunta se aquele personagem louco da história é ele, se aquela personagem que sofreu abuso na infância é seu alter ego.


O leitor precisa entender que, no dia em que o escritor responder “Sim, é tudo verdade, todos eles são eu mesmo”, a coisa toda vai perder a graça.

Comentários (2)

Bruno Muniz
Bruno Muniz
03 may

Me lembrei de Flaubert, julgado por difamar a sociedade parisiense. Quando lhe perguntado, no tribunal, quem era Madame Bovary, ele respondeu: sou eu.

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soraiadbrito
01 may

Perfeito! Linhas providenciais! 👏👏

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