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Parauyune

Marven Junius Franklin

Ó, Pátria Nortenha das águas – flutuantes balizas onde Martinic

fez morada & Pinzón navegou imponente, o Rio Oiapoque

refugia – alquebrado, os cadáveres insepultos dos clandestinos

 

(criaturas troçadas & desprotegidas – fado de um mau destino

a almejar vida melhor nas Guianas, mórbida fábula em desalinho).

 

Ó, Sereníssima Pátria tucuju, no leito afável de tuas águas caboclas

houveram arduíssimas pelejas – a insana cobiça pelo teu chão

 

(águas dulcíssimas, onde habita – envaidecida, a Mãe do Rio,

vestida dos pores do sol do Cabo Orange &

pelas asas rubras dos guarás em revoada na amplidão).

 

Ó, Pátria Afro das águas, o toque da caixa são lágrimas

dos cativos que ao som dos açoites & desditas

ergueram – a pedra & dor, a Fortaleza

 

(nódoa do poder lusitano

na Amazônia, a transbordar

de consternação a nossa história).

 

Peí ãba dji lo!  Peí ãba dji lo! Peí ãba dji lo!

 

Ó, Pátria Ancestral das águas – generosa bacia Uaça,

Karipuna, Galibi Kali'na, Galibi Marworno & Palikur,

encantado fundo das águas de onde parauyune abrolhou.

 

Ah, oitenta anos! Pátria da Glória o Amapá se tornou!

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