A Carta
Bruno Muniz
Querida amiga,
Só recebi sua carta hoje, que bom que os Correios ainda levam sentimentos.
Tudo bem, aceito a empreitada: vamos falar de saudade. Não sei quando volto, já estou bem adaptado; tirei o nó da garganta e fiz um laço ao pé do peito. Nossa avenida Goiás aqui se chama Rio Amazonas (me perdoe a hipérbole). Em Macapá as noites são quentes; cá por estas bandas os anos todos encurtam os invernos. Veja só, já são quase seis, o sol ainda esturrica a tarde e o dia esvoaça a goela de tanto chamar freguês. Estou sentado olhando o rio, um poema me carrega o coração. Encalhei numa paisagem.
Sinto saudades, mas não me sinto distante. Da mesma forma não quero que você se sinta. Saiba que o mundo não passa de um céu de estrelas repetidas, e a saudade apenas um jeito de amar desatento.
Te mando um poema feito a mão pra te encontrar.
Do sempre seu,
Bruno.
Mais dia, se menos dia,
de tanto que te queria,
pra dentro de ti vou ser
o doce que estragaria
o amargo que é sem você.
P.S. Estou virando O Zezeu por aqui. Calma, depois te explico.
Sou muito fã de ti poeta/escritor.
Ler-te é sempre um privilégio, obrigada por existir em nossa literatura.
Bom dia poeta ..Feliz por ter o privilégio de ler tão sublime obra tua. Parabéns pela sua conquista sei que é ➕ uma nova de muitos exemplares teus. Abraços nobre amigo
Li e gostei – palavra. Não quero aqui (nem alhures) consertar o teu texto, mas apenas dar sugestões que me parecem oportunas, já que a gente se permite dar pitaco reciprocamente. Né não?
Tu inicias a carta já propondo ao texto a 3ª pessoa cujo correspondente “sua” determina a escolha. Só que não. No final da carta, tu mandas “Te mando um poema feito a mão pra te encontrar.” Quer saber? Prefiro a 2ª pessoa à 3ª, acho mais pertinente, dá à carta um tom de “propriedade” mais íntima, especialmente nas palavras derradeiras: Do sempre teu, Bruno. Vi que tu escreveste “Rio”, com maiúscula. Desde o século passado (Acordo Ortográfico, 1947) que a norma da língua portuguesa determina que “rio” seja escrito com minúscula inicial quando seguidos de designações que os especificam toponimicamente”. Assim: rio Amazonas, rio Tejo, etc. Porém, “Rio de Janeiro” deve ser escrito com inicial maiúscula por ser nome de cidade, nome próprio. Ah, acho que o teu pedido de desculpas se configura como metáfora, ainda que o rio Amazonas seja grande pra caralho. É bom lembrar que em Macapá demora um pouco mais pra anoitecer por conta do solstício, que prolonga o dia. Estive numa cidadezinha do Paraná, e lá o sol começava se pôr às 21h. Acho patético quando um artista que se apresenta pega o microfone e dar boa-noite depois de meia-noite. Estranho, porque o dia inicia no crepúsculo matutino, ao nascer do sol; e termina no crepúsculo vespertino, quando o sol se põe, ou seja: se dar boa-noite quando é noite; e bom-dia, quando é dia – ora picas. Dar “bom dia” de madrugada é bossalidade bolsonarista – kkkkk
Post-scriptum: a Titã Carla Nobre é um mau exemplo à literatura. E a escritora Lia Borralho vai no mesmo diapasão...
Abraços... Ademir Pedrosa
Confesso que estou com ciúmes!
Bruno, vc tem o péssimo hábito de arrancar suspiros poéticos das pessoas. Vai se corrigir, quando, hein?
Alguém partiu para sempre. De lá, explica estar adaptado não se sentindo distante, percebe as estrelas repetidas que compõe o mundo e tem saudades. Eu, também, Bruno: tenho muitas saudades.
O poema fala de uma pessoa que se mudou para Macapá trazendo no coração muita saudade de um amor que ainda está vivo dentro de si. 🥰
Minha mãe sempre dizia que pra curar uma paixão só outro amor....porque não tentar esquecer???
O poema é lindo é puro e verdadeiro ❤️❤️
Fiquei até emocionada qd li!!!
Essa parte que fala do seu sempre Bruno...é complicado porque a pessoa se sente dona da outra...seu Bruno está virando o zezeu...o que será que ele está aprontando por aqui???...rs
Vamos ajudar o seu Bruno a sair dessa...rs