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A Carta

Bruno Muniz

Querida amiga,

 

Só recebi sua carta hoje, que bom que os Correios ainda levam sentimentos.

 

Tudo bem, aceito a empreitada: vamos falar de saudade. Não sei quando volto, já estou bem adaptado; tirei o nó da garganta e fiz um laço ao pé do peito. Nossa avenida Goiás aqui se chama Rio Amazonas (me perdoe a hipérbole). Em Macapá as noites são quentes; cá por estas bandas os anos todos encurtam os invernos. Veja só, já são quase seis, o sol ainda esturrica a tarde e o dia esvoaça a goela de tanto chamar freguês. Estou sentado olhando o rio, um poema me carrega o coração. Encalhei numa paisagem.


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Sinto saudades, mas não me sinto distante. Da mesma forma não quero que você se sinta. Saiba que o mundo não passa de um céu de estrelas repetidas, e a saudade apenas um jeito de amar desatento.

 

Te mando um poema feito a mão pra te encontrar.

 

Do sempre seu,

Bruno.

 

Mais dia, se menos dia,

de tanto que te queria,

pra dentro de ti vou ser

o doce que estragaria

o amargo que é sem você.

 

P.S. Estou virando O Zezeu por aqui. Calma, depois te explico.

Comentários (16)

Guest
Feb 23

Sou muito fã de ti poeta/escritor.

Ler-te é sempre um privilégio, obrigada por existir em nossa literatura.

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Bruno Muniz
Bruno Muniz
May 03
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Muito obrigado!!

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Guest
Feb 13

Bom dia poeta ..Feliz por ter o privilégio de ler tão sublime obra tua. Parabéns pela sua conquista sei que é ➕ uma nova de muitos exemplares teus. Abraços nobre amigo

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Bruno Muniz
Bruno Muniz
Feb 13
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Muito obrigado. O privilégio é meu de ter leitores tão engajados!

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Guest
Feb 12

Li e gostei – palavra. Não quero aqui (nem alhures) consertar o teu texto, mas apenas dar sugestões que me parecem oportunas, já que a gente se permite dar pitaco reciprocamente. Né não?

 

Tu inicias a carta já propondo ao texto a 3ª pessoa cujo correspondente “sua” determina a escolha. Só que não. No final da carta, tu mandas “Te mando um poema feito a mão pra te encontrar.” Quer saber? Prefiro a 2ª pessoa à 3ª, acho mais pertinente, dá à carta um tom de “propriedade” mais íntima, especialmente nas palavras derradeiras:  Do sempre teu, Bruno. Vi que tu escreveste “Rio”, com maiúscula. Desde o século passado (Acordo Ortográfico, 1947) que a norma da língua portuguesa determina que “rio” seja escrito com minúscula inicial quando seguidos de designações que os especificam toponimicamente”. Assim: rio Amazonas, rio Tejo, etc. Porém, “Rio de Janeiro” deve ser escrito com inicial maiúscula por ser nome de cidade, nome próprio. Ah, acho que o teu pedido de desculpas se configura como metáfora, ainda que o rio Amazonas seja grande pra caralho. É bom lembrar que em Macapá demora um pouco mais pra anoitecer por conta do solstício, que prolonga o dia. Estive numa cidadezinha do Paraná, e lá o sol começava se pôr às 21h. Acho patético quando um artista que se apresenta pega o microfone e dar boa-noite depois de meia-noite. Estranho, porque o dia inicia no crepúsculo matutino, ao nascer do sol; e termina no crepúsculo vespertino, quando o sol se põe, ou seja: se dar boa-noite quando é noite; e bom-dia, quando é dia – ora picas.  Dar “bom dia” de madrugada é bossalidade bolsonarista – kkkkk

 

Post-scriptum: a Titã Carla Nobre é um mau exemplo à literatura. E a escritora Lia Borralho vai no mesmo diapasão...

 

Abraços... Ademir Pedrosa

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Bruno Muniz
Bruno Muniz
Feb 12
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Muito obrigado pela leitura. Fico feliz que você tenha gostado. Em relação a intercalar segunda com terceira pessoa, concordo que pode soar confuso mesmo, mas Vinicius de Morais fazia e eu acabei me dando esse direito. Uma licença poética, digamos assim. Em relação à minúscula no Rio, o atual acordo ortográfico permite o uso facultativo de letra maiúscula ou minúscula nesse caso. E sobre a hipérbole, foi pelo exagero da comparação. Um abraço, querido Ademir. Seja sempre bem-vindo!

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Guest
Feb 12

Confesso que estou com ciúmes!



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Bruno Muniz
Bruno Muniz
Feb 12
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Buaaaaa

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Guest
Feb 12

Bruno, vc tem o péssimo hábito de arrancar suspiros poéticos das pessoas. Vai se corrigir, quando, hein?

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Bruno Muniz
Bruno Muniz
Feb 12
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Ahhhh nuncaaa. Mil corações pra você!

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Guest
Feb 12

Alguém partiu para sempre. De lá, explica estar adaptado não se sentindo distante, percebe as estrelas repetidas que compõe o mundo e tem saudades. Eu, também, Bruno: tenho muitas saudades.

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Bruno Muniz
Bruno Muniz
Feb 12
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Todos temos, né? ⚘️⚘️

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Guest
Feb 11

O poema fala de uma pessoa que se mudou para Macapá trazendo no coração muita saudade de um amor que ainda está vivo dentro de si. 🥰

Minha mãe sempre dizia que pra curar uma paixão só outro amor....porque não tentar esquecer???

O poema é lindo é puro e verdadeiro ❤️❤️

Fiquei até emocionada qd li!!!

Essa parte que fala do seu sempre Bruno...é complicado porque a pessoa se sente dona da outra...seu Bruno está virando o zezeu...o que será que ele está aprontando por aqui???...rs

Vamos ajudar o seu Bruno a sair dessa...rs


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Guest
Feb 11
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Me desculpe poeta vacilei...rs

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Bruno Muniz
Bruno Muniz
Feb 12
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Rsrss

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