Com mais de 80 autores, Muruwakã leva vozes literárias da Amazônia à COP 30
- juliarojanski
- há 5 horas
- 2 min de leitura

Encerrando as inscrições com um número surpreendente de participantes, a segunda edição da antologia Muruwakã – Autores da Amazônia superou todas as expectativas dos editores da editora O Zezeu, e se consolida como um importante projeto literário da região Norte do Brasil. Com mais de 80 vozes amazônicas reunidas, entre convidados e autores inscritos, a coletânea já nasce como um coro potente e plural da literatura amazônica contemporânea.
Aberta a escritores dos nove estados da Amazônia Brasileira, a antologia é um ato de resistência cultural e afirmação identitária. Em seguida, a coletânea será apresentada em novembro de 2025, durante a COP 30, em Belém, quando os olhos do mundo estarão voltados à Amazônia. Ali, entre debates sobre clima e futuro, a antologia será uma oportunidade única de mostrar que a Amazônia também é feita de vozes, sonhos e memórias.
Entre os nomes que compõem o time de autores estão figuras consagradas e emergentes da cena literária regional. Do Amazonas, participam Sandra Godinho, Márcia Kambeba, Marta Cortezão, Maria Luiza Brasil e José Bessa; do Pará, Airton Souza e Sônia Zaghetto; do Mato Grosso, Paty Wollf; do Tocantins, Irma Galhardo; de Roraima, Eliakin Rufino e Sony Ferseck; de Rondônia, Angela Bretas e Luciano Soemakib; do Acre, ecoam as vozes de Elson Martins, Toinho Alves e Roberta Marisa. E do Amapá, nomes como Joãozinho Gomes, Lulih Rojanski, Pat Andrade, Aroldo Pedrosa, Carla Nobre e Edson Kayapó figuram entre dezenas de outros, que escrevem em prosa e em verso.
E entre todas essas presenças marcantes, uma se destaca pelo simbolismo: Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e amazônida de origem, também empresta sua palavra à coletânea. Reconhecida internacionalmente por sua atuação política, Marina reserva um espaço íntimo para a literatura, e agora, também, para a antologia Muruwakã.
Marina Silva, nascida em Rio Branco (AC) em 1958, vem de uma família de seringueiros e construiu uma trajetória marcada pela superação e pela luta. Alfabetizada apenas aos 16 anos, formou-se em História e se tornou uma das principais vozes da causa ambiental no Brasil e no mundo. Além de sua atuação política, também é escritora, autora da autobiografia Marina: A Vida por uma Causa, obra reconhecida por sua profundidade e força. Na antologia Muruwakã, Marina contribui com versos que refletem sua conexão com a floresta, sua espiritualidade e sua luta por justiça social e ambiental, uma presença literária que traduz o espírito ancestral e a força dos povos invisibilizados.

"A coletânea é organizada como uma homenagem à diversidade cultural amazônica, dando visibilidade a autores que, muitas vezes, enfrentam dificuldades de circulação e reconhecimento. Ao reunir tantas vozes distintas — indígenas, ribeirinhas, urbanas, femininas, ancestrais — Muruwakã cumpre seu papel: mostrar que a Amazônia não é só floresta, é também linguagem", esclarece Lulih Rojanski, organizadora.
A antologia terá seu lançamento em Macapá, na primeira semana de agosto, marcando também o aniversário de criação oficial da editora O Zezeu. O evento reunirá autores locais e convidados em uma comemoração à literatura amazônica, destacando a diversidade de vozes que compõem a coletânea.
Com o sucesso das inscrições e a expectativa crescente em torno do lançamento na COP 30, Muruwakã reafirma o que os autores da floresta sempre souberam: quando a Amazônia fala, o mundo precisa escutar.