No âmago da palavra, onde a voz se torna o pincel e o ar o seu quadro, reside a mágica da declamação. Dizer um poema é invocar um universo inteiro com a sutileza de uma entonação. É mergulhar nas profundezas da emoção humana e emergir, resplandecente, no mundo sensível de quem escuta.
Quando a palavra ganha voz, ela se transforma. O som, o ritmo, a pausa – tudo se funde para criar uma experiência única, uma dança invisível entre o poeta e o ouvinte. É como se, ao declamar, o poeta emprestasse sua alma ao poema, e cada palavra proferida carregasse o peso da sua vivência, do seu sentimento.
Na arte de dizer poemas, cada entonação é uma cor, cada pausa é um silêncio carregado de significados. É como uma pintura que se revela aos poucos, onde a cadência das sílabas desenha paisagens interiores, evocando memórias, suspiros, lágrimas e sorrisos. É um ato de comunhão, onde o declamador e o ouvinte se encontram num espaço atemporal, unidos pela magia da palavra falada.
A declamação transforma a poesia escrita em uma experiência tátil, palpável. A voz do declamador, com sua textura única, adiciona camadas de profundidade e emoção que, muitas vezes, escapam à leitura silenciosa. É um encontro íntimo, onde a presença física e o timbre da voz criam uma atmosfera envolvente, quase mágica, que transporta o ouvinte para dentro do poema.
Há um poder transformador na arte de dizer poemas. Ela tem o dom de tocar a alma, de despertar sentimentos adormecidos, de provocar reflexões profundas. O poema dito em voz alta reverbera no coração, ecoa nos recantos da mente, deixa marcas indeléveis no espírito. É uma ponte entre o mundo interior do poeta e a vastidão do universo sensível de quem escuta.
Na era digital, onde as palavras são frequentemente confinadas a telas luminosas, a declamação resgata o valor do encontro presencial, do olho no olho, do silêncio compartilhado. É um convite a desacelerar, a ouvir com o coração, a permitir que a poesia preencha os espaços vazios do cotidiano com sua beleza efêmera e eterna.
Assim, ao dizermos um poema, não estamos apenas repetindo palavras. Estamos revivendo sentimentos, compartilhando vivências, tecendo uma teia invisível de conexões que transcendem o tempo e o espaço. Na voz que declama, a poesia encontra seu eco, e no ouvido que escuta, ela se eterniza. E assim, num ciclo interminável, a arte de dizer poemas perpetua a essência da humanidade, sempre em busca de beleza, sempre em busca de sentido.
Dentro desse universo encantado da declamação, encontramos Thiago Soeiro, um "dizedor" de poesia cuja trajetória exemplifica a profundidade e a paixão que este ofício pode alcançar. Nascido em Belém do Pará, Thiago passou a infância e adolescência em Monte Dourado, no interior do estado, e desde 2008 reside em Macapá. Jornalista de formação, ele começou em 2009 a compartilhar seus escritos no blog "Amor Cafona", paralelamente à sua carreira de poeta e declamador.
Thiago é um dos fundadores do grupo litero-musical Poetas Azuis, criado em 2011 junto com seu companheiro Pedro Stkls. Este ano marca os 15 anos de sua carreira como poeta e declamador, durante a qual ele participou de eventos literários em diversos estados brasileiros, incluindo Rio de Janeiro, Bahia, Alagoas, Pernambuco e Pará. Desde o início, dedicou-se à declamação profissional de poesia, se autodenominando "dizedor" de poesia. Esta forma interpretativa de declamar um poema traz uma interpretação pessoal, fazendo com que o texto falado se assemelhe a uma conversa ou, às vezes, até a um diálogo com o espectador.
Em 2024, Thiago iniciou uma série de vídeos em sua rede social Instagram (@tgsoeiro), postando semanalmente vídeos "dizendo" poesia. São poemas dele e de outros autores, como Pedro Stkls, Fernando Pessoa, Mario Quintana, Bruna Beber, Bruno Fontes, Lucão, entre outros. O intuito é popularizar a poesia através da fala.
"Para mim, falar poesia é um ato de amor à palavra. Eu gosto de ler, estudar os poemas, conversar com meu parceiro Pedro sobre as intenções de cada verso, interpretá-lo com verdade mesmo, para que o vídeo seja compreendido, para que possa seguir adiante e encontrar outras pessoas, assim como fui encontrado por ele", explica Thiago.
Em 2021, Thiago publicou o livro "Salva-vidas", que reúne poemas escritos entre 2013 e 2017 e fala sobre sua relação com a Palavra. "Eu me apaixonei pela poesia aos 14 anos com Mario Quintana, e desde então eu escrevo e leio poemas e fiz disso a minha vida. E como uma necessidade, estou sempre atrás da poesia, seja num livro ou na vida, o poema sempre me encontra", relata.
O livro de Thiago pode ser ouvido gratuitamente nas plataformas de áudio por meio do link: https://onerpm.link/2514900900. Ele também mantém um blog onde divulga seus escritos: [https://pordentrodopoema.blogspot.com/](https://pordentrodopoema.blogspot.com/).
"Eu acredito que a poesia como arte está sempre nos salvando de alguma forma. Eu escrevo porque necessito disso na minha vida, eu falo poemas porque preciso disso para viver e sei que meus textos e minhas declamações estão sempre encontrando alguém que também precisa daquela palavra", conclui Thiago.
Thiago Soeiro, com sua voz e sua paixão pela poesia, exemplifica a essência do ato de dizer poemas. Sua trajetória e dedicação mostram como a declamação pode transformar palavras em vivências, tocando profundamente a alma de quem ouve.
Claridade - Thiago Soeiro
Thiago Soeiro quando declama passa a ser o poema. Ser incrível! Artista extraordinário.
Thiago é referência há anos. Merecida homenagem!