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Dia Estadual do Marabaixo, símbolo vivo da resistência Afro-Amazônica

  • juliarojanski
  • há 2 minutos
  • 2 min de leitura


Hoje, 16 de junho, é comemorado oficialmente o Dia Estadual do Marabaixo, manifestação cultural afro-amapaense que resiste e se reinventa ao longo dos séculos. Vai além do que uma data no calendário, é um reconhecimento institucional da importância histórica, religiosa e social do marabaixo, símbolo de ancestralidade e orgulho do povo negro da Amazônia brasileira.


Nascido do sincretismo entre o catolicismo e os cultos africanos, o marabaixo é uma expressão cultural que se desenvolveu a partir da diáspora africana e da vivência dos negros escravizados no norte do Brasil, especialmente no atual território do Amapá. O ritmo das caixas, os versos improvisados dos ladrões (cantigas) e as danças circulares são elementos que traduzem resistência, fé e identidade.



Tradicionalmente vinculado às comemorações do Círio de Nazaré, da Santíssima Trindade e do Divino Espírito Santo, o marabaixo se manifesta com força nos bairros do Laguinho e Favela, em Macapá, e na cidade de Mazagão Velho, onde o Largo dos Inocentes se transforma em altar e espaço da cultura negra.


Políticas públicas para manter a tradição viva


Desde a oficialização da data em 2005, o marabaixo tem ganhado cada vez mais espaço nas políticas culturais do estado. Em 2025, o Governo do Amapá, por meio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult/AP), intensificou as ações de valorização dessa manifestação de várias formas.


Com editais exclusivos para grupos de marabaixo e batuque, fomentando apresentações, oficinas e a produção de registros audiovisuais; criação do Centro de Referência do Marabaixo e Batuque, previsto para ser inaugurado até o fim do ano no bairro Laguinho, com acervo histórico, biblioteca temática e espaço para ensaios e formação; parceria com escolas públicas para inserir o marabaixo nos currículos de história e arte, aproximando crianças e jovens de sua herança cultural; apoio à Rota Turística do Marabaixo, que visa integrar manifestações culturais a roteiros turísticos em Macapá e Mazagão, gerando renda e visibilidade para as comunidades tradicionais.


O movimento marabaixeiro se afirma hoje como um vetor de resistência cultural, política e espiritual. Jovens lideranças têm ocupado os barracões, retomado as caixas, reescrito os versos, atualizando o marabaixo sem romper suas raízes.




Reconhecido como patrimônio imaterial do Amapá, o marabaixo caminha para a conquista de reconhecimento nacional. Em 2024, o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) concluiu o dossiê para o registro como Patrimônio Cultural do Brasil, processo previsto para ser finalizado ainda este ano. O objetivo é não só proteger a tradição, mas também fortalecer sua difusão e sustentabilidade.

 
 
 

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