Coleção Folia de Livros fortalece a literatura amapaense em edição 2025
- juliarojanski
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A Editora O Zezeu, com apoio do Governo do Estado do Amapá, por meio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), lança pelo segundo ano consecutivo a Coleção Folia de Livros, um projeto que garante a publicação e comercialização de dez novos títulos de escritores amapaenses durante e após a Folia Literária Internacional do Amapá.
A iniciativa surgiu da necessidade de oferecer aos autores locais a oportunidade de terem suas obras impressas com padrão profissional e inseridas no mercado editorial brasileiro. Cada escritor contemplado recebe 50 exemplares gratuitos e fica com 100% da renda obtida com as vendas no evento.
Segundo a editora da O Zezeu, Lulih Rojanski, a coleção representa um passo importante para superar as dificuldades históricas enfrentadas pelos autores do estado. “Assim, contribuiremos significativamente para o enriquecimento da cultura literária do Amapá, promovendo nossos talentos e fortalecendo a identidade cultural do estado no cenário nacional”, afirma.
Diversidade e representatividade
Os dez títulos contemplados reúnem vozes plurais da literatura amapaense, abrangendo diferentes vertentes, como literatura afro-brasileira, indígena e LGBTQIAPN+. Além de dar visibilidade aos autores, o projeto garante qualidade editorial e distribuição ampliada, com presença em marketplaces e livrarias parceiras de todo o país.
Produção editorial completa
A coleção envolve um trabalho editorial de ponta: curadoria e seleção de originais inéditos, revisão e copidesque, diagramação, projeto gráfico personalizado, registros de ISBN e fichas catalográficas, além de campanhas de marketing nas mídias sociais e na Revista Literária O Zezeu.
Os livros são impressos em formato 14x21 cm, com capa colorida, laminação fosca, orelhas e até 150 páginas em papel de alta qualidade. A equipe de curadoria é composta pela escritora e editora Lulih Rojanski e pelo jornalista Silvio Carneiro, editor da Revista O Zezeu e especialista em jornalismo cultural e marketing.
Valorização dos autores locais
Os principais beneficiados pelo projeto são os escritores residentes no Amapá, que encontram na Coleção Folia de Livros a chance inédita de lançar suas obras de forma profissional e sem custos. Além da publicação, os autores têm espaço garantido para apresentar seus títulos no estande da editora durante a Folia Literária.
Com essa segunda edição, a Coleção Folia de Livros reafirma seu papel como instrumento de democratização da literatura produzida no Amapá, promovendo talentos e consolidando a identidade cultural do estado no cenário nacional.
Conheça os autores e suas obras

Claudio Queiroz é professor licenciado em Letras pela Unifap (1995). Atualmente dedica parte de seu tempo à escrita literária. Publicou trabalhos (verso e prosa) em coletâneas como Muruwakã (O Zezeu, 2024), Uni Verso (Lura Edito rial, 2024), 7 Contistas da Amazônia (UFPA, 1993) e outras.
Neste livro de crônicas líricas e profundamente sensíveis, Claudio Queiroz transforma o cotidiano amazônico em território de memória, mistério e poesia. “Ele sabiá e outras histórias” convida o leitor a caminhar por veredas onde o tempo é sentido na pele, o invisível ganha corpo, e as palavras são como borboletas em busca de pouso. Entre ilhas que desaparecem, pássaros que anunciam ausências e frutos que ensinam sobre partilha, cada página vibra com a dor e a beleza de existir.

Fausto Suzuki, é paulistano de nascimento e amapaense de coração, encontrou seu caminho através das letras, aprendendo a ler sozinho e se tornando um leitor voraz. Estudou Comuni cação Social (UFPA), mas uma crise existencial o levou a se desvincular da instituição. Nesse período, ele experimentou momentos de vulnerabilidade e resistência, mas também encontrou formas de se conectar profundamente com as pessoas.
Em “Descaso atento”, Fausto Suzuki revela com precisão cortante a vida dos invisíveis urbanos — figuras à margem que transitam entre o grotesco e o sublime. Seus contos capturam o cotidiano dos esquecidos com ironia, lirismo e brutalidade, expondo a indiferença social com atenção cirúrgica. Entre loucuras fingidas, golpes improvisados e reflexões filosóficas, personagens como Márcia, Cascalho e o narrador de “Olhos” encenam a luta por dignidade em um mundo que os ignora. Fausto transforma o descaso em arte, e o ordinário em revelação.

Raynan Felipe Raiol Costa tem 24 anos e se dedica à escrita desde a infância. Aos oito anos já produzia histórias em quadrinhos, com enredos fantásticos de viagens à lua. Nasceu e cresceu em Macapá, foi um garoto sonhador que sempre observou a sociedade nortenha com um olhar analítico e inquieto, ávido por contribuir para o fomento da cultura local. Publicou alguns contos em plataformas independentes na internet. Em "Por amor e circuitos", Felipe Raiol conduz o leitor por narrativas intensas e provocativas, onde o humano e o artificial se entrelaçam em cenários distópicos, íntimos e surpreendentemente poéticos.
Entre exoesqueletos, coliseus estelares e bares de robôs, personagens solitários enfrentam traumas, memórias e a busca por sentido em mundos que os desafiam a cada passo. Com uma escrita visceral e filosófica, Raiol transforma o grotesco em beleza e a ficção científica em espelho da alma humana. Este livro é um mergulho profundo naquilo que nos torna vivos — mesmo quando tudo parece programado para nos apagar.

Fernanda Garcia é graduada em Letras, escreve seus poemas desde os dezesseis anos, mas por muito tempo os manteve guardados, por não acreditar na beleza de revelar seus sentimentos em palavras. 2025 está sendo seu ano de descoberta e imersão poética e deverá ser o início de uma jornada rumo ao seu maior derramamento de versos. Em “Reflexões em um quarto qualquer”, Fernanda Garcia transforma o espaço íntimo do quarto em palco de confissões profundas e corajosas.
Dividido entre os lamentos da vida e os do amor, o livro revela dores invisíveis, traumas silenciados e paixões contraditórias com uma linguagem visceral e fragmentada. Seus versos curtos e intensos capturam a angústia da existência, os transtornos da mente e a entrega emocional sem reservas. Com imagens sensoriais e metáforas provocadoras, Fernanda constrói uma poética da vulnerabilidade, onde o amor é tanto prisão quanto liberdade, e a dor, embora sem nome, encontra voz.

Jéssica Thaís Lima dos Santos, nascida em 1997, em Santarém (PA) e criada em Macapá, é atriz, poeta, produtora cultural e estudante de Teatro na Unifap. Pesquisa Teatro Negro e dramaturgias amapaenses. Iniciou-se na literatura em 2016 com o projeto "Uma Poesia que Vi Por Aí", espalhando lambes pela cidade. Desde então, explora linguagens como videopoesias e performances. Em 2024, lançou o livro artesanal “As vozes do rio”, com poéticas negras, femininas e tucujus. “Todas as coisas moram em mim”, de Jéssica Thaís, é uma obra dividida em duas partes — Poemas e Dramaturgia — que entrelaça ancestralidade, resistência e afeto com uma escrita pulsante e profundamente sensível.
Com versos que celebram a força das mulheres negras e cenas que misturam lirismo, crítica social e oralidade amazônica, o livro transforma dor em beleza, memória em canto e cotidiano em território de luta. Entre bonecas remendadas, mães guerreiras e amores inquietos, Jéssica constrói um universo onde tudo o que foi esquecido encontra voz, corpo e cura.

Leacide Batista Moura é escritora, poeta, professora e produtora cultural, nascida em Macapá. Atua como ativista sindical, cultural e feminista. Organizou obras literárias em parceria com autores de diferentes estados. Sua produção é estudada em universidades e simpósios nacionais e internacionais, com participação em diversas coletâneas. É integrante do movimento Mulherio das Letras (Brasil/Europa), uma das idealizadoras e primeira coordenadora do núcleo Mulherio das Letras Amapá – Matinta Perera.
Em “Canção dos corpos”, Leacide Moura, transforma sua trajetória de luta feminista e educadora em poesia que vibra como um tambor ancestral. Seus versos evocam bruxas, lobas e irmandades, celebrando corpos como territórios sagrados e denunciando silenciamentos históricos. Com lirismo e força, a autora convida o leitor a uma roda de resistência, memória e afeto, onde cada palavra é um gesto de liberdade e comunhão.

Lorrana Maciel é atriz, poeta e arte educadora com formação em teatro e educação (Unifap). Especialista em Docência para a Educação Profissional
e Tecnológica (Ifes), atua como professora de teatro, artes e música, além de pesquisadora nas áreas de acessibilidade cultural em libras e dublagem. Fundadora da Cia Támana Produções, é diretora, preparadora de elenco, performer, intérprete de libras, cenógrafa, dramaturga e dubladora. Premiada em concursos de poesia e festivais de teatro, seu trabalho transita entre o teatro, o audiovisual e a literatura, com experimentações cênicas e poéticas que exploram a sensibilidade e a inclusão.
Em “Votos de (des)amor”, Lorrana Maciel conduz o leitor por uma travessia poética entre o encanto e a ruína do amor. Dividido em dois capítulos — “Ao amor” e “Estilhaços” — o livro revela, com lirismo e intensidade, os extremos da experiência afetiva: da ternura que floresce nos gestos cotidianos à dor na ausência e no silêncio. Com versos sensoriais, imagens delicadas e uma linguagem que ora acolhe, ora dilacera, a autora transforma sentimentos em matéria viva, expondo a vulnerabilidade de quem ama e a força de quem sobrevive ao amor. Uma obra que pulsa, fragmenta e reconstrói — como o próprio coração.

Nara Ferreira é pedagoga e poetisa amapaense. Inspirada pela avó, Alzira Reis, escreve desde a infância. Conquistou o 2º lugar no Festival de Poesia da Escola Marechal Castelo Branco (2008) e teve poemas publicados pela Editora Scortecci (2022) e na coletânea “Sou Matinta” (O Zezeu; 2025). Foi premiada no II FLIMAC com “Amapá: 80 Anos de Encantos e Águas” e recebeu o certificado de Destaque Cultural do CEPC (2024). É integrante do coletivo Mulherio das Letras Amapá e compartilha seus versos no perfil @narareflexosdoamor.
Em “Reflexos do Amor”, Nara Ferreira estreia com uma coletânea de poemas que atravessam os territórios da alma com delicadeza e força. Entre memórias da infância, reencontros inesperados, dores silenciosas e homenagens afetivas, a autora constrói um universo lírico onde a solidão se transforma em epifania, o papel vira abrigo, e a floresta amazônica canta em versos. Com linguagem acessível e imagens poderosas, Nara revela a beleza das pequenas coisas e a profundidade dos sentimentos que nos moldam.

Netto Romano é nascido em Belém (1993) e reside em Macapá desde os 2 anos, é poeta, escritor e compositor. Descobriu sua paixão pela escrita na adolescência. É membro do Grupo de Artes Pena & Pergaminho desde 2017 e tem três livros disponíveis em plataformas digitais: “As Aventuras do Amante Universal” (contos eróticos), “Nada sobre Anjos” (poemas e textos) e “Chegado em Vênus”. “Théo – O desastre fabuloso” é uma jornada poética de autoconhecimento, dor e redenção sem redenção.
Netto Romano constrói um personagem que transforma ruínas em palco, cicatrizes em brilho e amor em combustão. Dividido em três partes — Prelúdio, Interlúdio e Interlúdio 2 — o livro revela uma alma que não busca perfeição, mas intensidade. Théo é o erro mais belo, a ruína mais desejada, e seus versos são um convite para dançar sobre os escombros da existência.

Samuel Costa (Sam Pepper) é professor e poeta nascido no estado do Maranhão e radicado em Laranjal do Jari-AP desde 1990. Graduou-se em Geografia pela Unifap e especializou-se em Ensino Especial e Inclusão pela Faculdade Atual. É mestrando em Sociologia (Unifap). Conhecido como o “poeta das flores”, Sam Pepper publicou sua primeira obra, “Eu Conto para Você”, em 2016. Como professor nas escolas de ensino médio e fundamental em Laranjal do Jari, ele contribui significativamente para o avanço da educação no município.
Em “O Remidor”, Sam Pepper constrói um retrato provocador de Laranjal do Jari, onde fé, política, identidade e transformação se entrelaçam em histórias marcadas por escândalos, redenção e resistência. Com linguagem regional bem popular e personagens intensos que beiram o caricato, o romance (ou novela, como queiram) revela os conflitos e afetos de uma cidade amazônica em constante reinvenção. Por trás de toda uma narrativa fantástica, marcada pelo absurdo, “O Remidor” é um tributo à força das mulheres, à diversidade e à coragem de quem escolhe amar, reconstruir e permanecer em um lugar.
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